Cristais, célula unitária e rede de Bravais
Cristais são sólidos formados arranjos periódicos e ordenados de átomos. Para estudar esses materiais, podemos levar em conta a periodicidade da energia potencial, e do operador Hamiltoniano, e estudar apenas uma pequena região no espaço que se repete nas direções de periodicidade do cristal. Essa pequena região é chamada de célula unitária, e pode ser definida (forma e tamanho) por um conjunto de três vetores ,
e
, vetores da base do cristal. As várias células unitárias que são repetições da nossa primeira célula, são obtidas por vetor:

em que ,
e
são números inteiros (
) que rotulam a célula unitária. O conjunto de vetores
como dados acima são definidos como rede de Bravais.
Há muitos formas que as estruturas cristalinas podem assumir. Muitos cristais com arranjos periódicos diferentes. Uma forma possível e muito comum para os metais são as redes cúbicas de face centrada (fcc). Metais como cobre, prata, níquel e ouro formam esse tipo de cristal em condições ambientes. A célula unitária de uma rede fcc é mostrada na Figura 6.1.

Nesse caso, os vetores da base da rede de Bravais são:

No programa SIESTA, os vetores da rede de Bravais são especificados no arquivo de entrada (input.fdf), no bloco LatticeVectors. Para uma rede fcc, com constante de rede a = 4.478392 Å, o arquivo de entrada possui o formato:
%block LatticeVectors
0.000000 2.239196 2.239196
2.239196 0.000000 2.239196
2.239196 2.239196 0.000000
%endblock LatticeVectors
Note que a primeira linha do bloco LatticeVectors é formada por três valores que são as três componentes do vetor na base canônica. A segunda e terceira linha do bloco são referentes aos vetores
e
, respectivamente.
Coordenadas cristalográficas
Para um cristal com rede de Bravais especificado no LatticeVectors, ainda é preciso especificar quais são os átomos dentro da célula unitária, e quais são as coordenadas de cada um desses átomos. Essas coordenadas dos átomos dentro da célula unitária são chamadas de coordenadas cristalográficas, ou coordenadas internas. Para uma célula com M átomos na célula unitária, vamos ter um índice n = 1, …, M para escrever as posições. Uma forma de escrever essas coordenadas é como fizemos com as coordenadas dos átomos nas moléculas, em que cada valor essa dado em Å. Esse tipo de coordenadas devem ser escritas quando a chave AtomicCoordinatesFormat é:
AtomicCoordinatesFormat Ang
Outra forma de escrever essas coordenadas cristalográficas é escalonando elas com os vetores da base da rede de Bravais. Como os átomos estão dentro da célula unitária, então as coordenadas podem ser escritas como
![]()
com as coordenadas cristalográficas

Para essa opção no dado de entrada das coordenadas cristalográficas, a chave AtomicCoordinatesFormat dever ter o valor ScaledByLatticeVectors. Nesse formato, o bloco para as coordenadas cristalográficas deve ser na forma:
AtomicCoordinatesFormat ScaledByLatticeVectors
%block AtomicCoordinatesAndAtomicSpecies
0.00000000 0.00000000 0.00000000 1
%endblock AtomicCoordinatesAndAtomicSpecies
No bloco AtomicCoordinatesAndAtomicSpecies, os três primeiros valores se referem as valores que vão multiplicar os vetores da base da rede de Bravais. O quarto valor é um índice que especifica qual elemento químico possui essa coordenada. Como no exemplo do ouro (Au) com rede fcc só há um átomo por célula unitária, ele pode ser a origem da célula unitária.
Para um mesmo cristal, podemos escrever uma célula unitária diferente, com rede de Bravais diferente. Entretanto, em alguns casos, o número de átomos por célula unitária pode mudar, e as coordenadas cristalográficas desses átomos também devem mudar. Por exemplo, a rede fcc do ouro também pode ser especificada no arquivo de entrada como:
%block LatticeVectors 4.478392 0.000000 0.000000 0.000000 4.478392 0.000000 0.000000 0.000000 4.478392 %endblock LatticeVectors
Nesse caso, os três vetores da base da rede de Bravais são ortogonais, com normas dadas pela constante de rede a = 4.478392 Å. As coordenadas cristalográficas nesse caso são:
AtomicCoordinatesFormat ScaledByLatticeVectors %block AtomicCoordinatesAndAtomicSpecies 0.00000000 0.00000000 0.00000000 1 0.50000000 0.50000000 0.00000000 1 0.50000000 0.00000000 0.50000000 1 0.00000000 0.50000000 0.50000000 1 %endblock AtomicCoordinatesAndAtomicSpecies
Note que agora há quatro átomos por célula unitária, um átomo localizado no canto do cubo, e outros três localizados no centro das faces do cubo. A energia total dessa simulação é quatro vezes maior do que a simulação anterior, e o volume da célula unitária também é quatro vezes maior. No exemplo07 do repositório do tutorial do github, há um diretório cubic com os dados da simulação do cristal de ouro com a célula unitária cúbica.
A menor célula unitária, com o menor volume é chamada de célula primitiva. Em geral, para estudar as propriedades eletrônicas, precisamos especificar o cristal por sua célula primitiva.
Zona de Brillouin
…
…

Algoritmo de Monkhorst-Pack
%block kgrid.MonkhorstPack
17 0 0 0.0
0 17 0 0.0
0 0 17 0.0
%endblock kgrid.MonkhorstPack
…
Paralelização em pontos-k
…
Diag.ParallelOverK true
Relaxação de célula unitária
…
Exemplo da prata
MD.VariableCell true
MD.MaxStressTol 0.01 GPa
Materiais bidimensionais
Exemplo XX (Grafeno)
%block LatticeVectors 2.153849 1.243526 0.000000 2.153849 -1.243526 0.000000 0.000000 0.000000 20.000000 %endblock LatticeVectors AtomicCoordinatesFormat ScaledByLatticeVectors %block AtomicCoordinatesAndAtomicSpecies 0.00000000 0.00000000 0.50000000 1 0.33333333 0.33333333 0.50000000 1 %endblock AtomicCoordinatesAndAtomicSpecies
Amostragem de pontos-k da zona de Brillouin do grafeno:
%block kgrid.MonkhorstPack
19 0 0 0.0
0 19 0 0.0
0 0 1 0.0
%endblock kgrid.MonkhorstPack
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